As possíveis consequências econômicas das tarifas comerciais sugeridas por Trump.

As tarifas comerciais sugeridas pelo ex-presidente Donald Trump poderiam ter consequências econômicas importantes caso fossem colocadas em prática, podendo modificar o cenário do comércio global e da economia interna.

Em um relatório publicado na última terça-feira, especialistas do Wells Fargo exploraram esses potenciais desdobramentos, analisando os impactos de curto e longo prazo na inflação, nos gastos dos consumidores e nas estratégias empresariais.

Uma das questões centrais destacadas no relatório é a transição para uma postura mais protecionista na política econômica internacional, que provavelmente permanecerá mesmo após as eleições.

Wells Fargo nota que as tarifas agora abrangem questões de segurança nacional, indo além de seu objetivo original de proteger as indústrias nacionais e promover acordos comerciais recíprocos, devido ao aumento das tensões geopolíticas, especialmente com a China.

As propostas tarifárias de Trump são ousadas, com destaque para uma tarifa de 60% sobre os produtos provenientes da China e uma taxa de 10% sobre as demais importações dos Estados Unidos. Essas amplas tarifas são inéditas e têm o potencial de causar um impacto significativo na economia norte-americana.

De acordo com os analistas, os aumentos iniciais nas tarifas relacionadas à inflação, taxas de juros e dólar correm o risco de perder seu efeito de desaceleração sobre o crescimento econômico.

O documento apresenta duas situações que podem ocorrer até 2025. Em uma delas, as tarifas são restritas e específicas, o que possibilita às empresas se ajustarem ao diversificar suas cadeias de abastecimento. Isso poderia causar interrupções moderadas, porém com ajustes econômicos controláveis.

Os especialistas consideram que essa situação é mais provável se as tarifas forem aplicadas de forma seletiva por um governo democrata ou por uma administração Trump mais limitada.

A segunda situação considera tarifas amplas e agressivas, o que representaria um desafio maior para as empresas lidarem.

O relatório indica que as equipes de gestão teriam dificuldade em lidar com as tarifas de segmentos. Isso poderia levar a um aumento da inflação dos preços para os consumidores e a uma pressão maior sobre as margens de lucro, afetando especialmente setores como produtos de luxo e de baixa capacidade.

Os especialistas destacam que as tarifas podem representar um desafio significativo para a retomada econômica em 2025.

Uma taxa única de 10% sobre todas as importações resultaria em um acréscimo anual de aproximadamente US$ 1.700 para o orçamento das famílias de classe média nos Estados Unidos, demonstrando como isso afetaria diretamente o bolso dos consumidores.

Uma inflação mais alta, causada pela escassez de importações baratas, provavelmente resultaria em taxas de juros mais altas e em desaceleração econômica, especialmente em setores dependentes de crédito, como o mercado imobiliário.

O documento também menciona as potenciais consequências internacionais dessas taxas. É esperado que a China responda com ações de retaliação e adaptações estratégicas para manter sua economia baseada em exportações. As empresas dos EUA que operam na China podem enfrentar obstáculos importantes, o que pode levar a uma mudança na direção da produção para países que não são afetados pelas tarifas dos EUA.

“A Wells Fargo destacou que acredita que as grandes empresas dos Estados Unidos estão em uma posição favorável para lidar com as mudanças e que o dólar americano continuará se beneficiando das tarifas propostas.”